sexta-feira, 22 de março de 2013

Refugiando-se

[...]
_Ainda está aí?
_Só por enquanto, te escutar e não ter-te me dói.

Silêncio

_Talvez não devesse doer.
_Mas dói.

Silêncio

_Não deveria doer em você, deveria doer em mim.
_Por que em você?
_Porque me canso das tuas manias, você foge escondendo-se e depois me sorri fácil como se nada tivesse acontecido, como se eu pudesse com todas as suas ausências.
_Mas sei que não te doo.
_Não dói e também não doa.
_Como?
_Não dói e nem doa. Nem dor e nem doação.
_Não sei doar, só sei doer. E fico surpresa que ainda não consiga sentir esta dor.
_Por Deus! Chega de tanto dizer sem explicar, e tente se for capaz me clarear que tanta dor é essa que te faço sentir. 
_Também não sei explicar, só sei sentir.
_Tens mania de não saber.
_E você de descobrir minhas manias.

Silêncio

_Se é pra doer você não deveria partir sem motivos.
_Tenho motivos meus, que não cabem a você saber.
_ Você tem medo!
_Provavelmente, até porque todo mundo tem.
_ Não falo desse tipo de medo...
_De qual medo então?
_ Você tem medo de dividir seus medos.

Silêncio
...
...
...

Um comentário:

Mayra Borges disse...

As entrelinhas, a dor, as manias, a fuga e o medo, uma combinação melancólica e triste, preenchida pelo silêncio que fecha um ciclo de tudo isso.

Sou apaixonada por diálogos e este teu me prendeu e encantou, parabéns.

semprovas.blogspot.com